Vida de estudante não é mole!

Depois de uma longa semana de noites mal dormidas (ou não dormidas de jeito nenhum), entreguei meu último trabalho de faculdade do semestre e pude finalmente respirar os ares da liberdade! É, meus amigos, quem pensa que vida de intercambista é cheia de moleza, só feita de viagens e passeios está muito enganado.

Eu estou matriculada no programa de Jornalismo na University of East London, graças ao Ciência Sem Fronteiras. Aqui eu fui encaixada no segundo ano, de um curso de três, mas posso pegar disciplinas de qualquer ano, ou até mesmo de outros cursos se eu me interessar. Nesse semestre eu cursei três disciplinas, sendo duas delas do programa de Jornalismo: Understanding News and the Newspaper Industry, para entender valores e produções de notícias, assim como compreender o mercado editorial do Reino Unido; e Media & Gender, uma disciplina onde discutimos de um tudo relacionado à mídia e gênero, de prazeres visuais no cinema até uma análise sobre a saga Crepúsculo.

Aproveitando um dia de sol afundada em livros.

A terceira disciplina, que eu catei do programa de Film Studies, é Film Analysis, onde tivemos uma visão um pouco geral e meio introdutória aos estudos de Cinema. Essa disciplina eu escolhi porque pretendo escrever meu TCC sobre cinematografia e precisava começar a me familiarizar com temas relacionados ao meu projeto.

Apesar de serem apenas três disciplinas, o trabalho é um pouco puxado, principalmente pelo fato que precisamos se familiarizar com todo um novo estilo de textos e trabalhos, diferente do que estávamos acostumados a fazer no Brasil. Durante todo o semestre eu precisei entregar dois courseworks para cada disciplina, sendo um antes do Easter Break e outro agora, no final, cada um deles tendo entre 1500 e 2000 palavras. Não é fácil, não! É como se fossem seis artigos acadêmicos em um só semestre. Um pouco pesado para quem estava acostumado a ter no máximo dois na UFPA. Nos primeiros trabalhos eu entrava em desespero, achando que nunca-na-vida ia conseguir escrever duas mil (!) palavras em um inglês acadêmico, aceitável e ainda fazendo sentido. Mas a gente tem que se virar e fazer e, no final, acaba dando certo. Hoje, depois de tanto escrever e ler em inglês, já estou bem mais segura do que antes.

E assim foi como eu comemorei o St. Patrick's Day!

Mas agora é hora de relaxar um pouco e esperar ansiosamente pelo verão! Claro que eu não vou ficar só de bobeira e já providenciei dois cursos para fazer nesse tempo, sendo um de Fashion Journalism, na University of the Arts London, e um de Cinematography, na London Film Academy. Além disso eu sou obrigada pelo CsF a participar de algum projeto de pesquisa por aqui, mas isso ainda não foi definido.

Neste final de semana, para desestressar dos trabalhos e aproveitar o início das férias, eu fui em Liverpool! Realizar o sonho de conhecer a cidade dos Beatles (♥) e ouvir uma boa música no Cavern Club. Depois eu conto mais sobre essa viagem incrível!



No one mourns the Wicked!

Que Nova York tem a Broadway e é cheia de musicais incríveis todo mundo sabe, mas também não podemos esquecer do West End, em Londres, que é a maior área de teatros do mundo e o centro do teatro comercial no Reino Unido. E é claro que eu, como uma boa louca por musicais, não deixaria de passar lá, não?

Eu e a Camila vamos contar um pouco aqui no blog sobre os musicais que fomos assistir: ela, na Broadway, e eu no West End. Algo meio crítica, meio resenha, mas na verdade é só a nossa opinião. Opinião de duas loucas que adoram estar na platéia, mas ficam se coçando mesmo é pra estar no palco. 

Apollo Victoria Theatre
No dia 29 de abril eu fui assistir Wicked, no Apollo Victoria Theatre. Comprei o ingresso uns três dias antes e consegui um preço bem bom: £17.75! Fiquei num lugar bem afastado do palco por motivos de pobreza, claro, mas como o teatro é bem grande e inclinado, eu ainda assim tinha uma visão ótima do palco!

Palco do espetáculo
Para quem não sabe, o musical conta a história de Elphaba (A Bruxa Má do Oeste) e Glinda (A Bruxa Boa), antes da chegada de Dorothy na Terra de Oz.  A história começa logo após a morte da Bruxa Má do Leste, quando a casa de Dorothy cai em cima dela, e a partir daí é feita uma retrospectiva para entendermos a história de Elphaba e Glinda e como elas de conheceram e se tornaram amigas. O espetáculo é maravilhoso e tem um elenco incrível, tanto a parte vocal quanto teatral. Eu virei instantaneamente fã da Gina Beck, a atriz que interpreta Glinda. Ela me fez gargalhar várias vezes e tem um trabalho muito bom!

Gina Beck como Glinda
Na escola, Glinda é uma garota muito bonita e popular que acaba virando colega de quarta de Elphaba, uma estranha garota verde e sem nenhum trato social. Com o convívio, as duas acabam virando amigas e Glinda diz que fará de Elphaba seu novo projeto: vai ensina-la a ser popular, mas não tanto quanto ela, é claro! Apesar de, a primeira vista, Glinda parecer uma Sharpay da vida (sim, referências de High School Musical, me julguem), ela é na verdade um personagem muito doce. Uma das músicas mais bonitas do espetáculo é "For Good", um dueto entre Glinda e Elphaba e a prova da amizade delas.


Wicked é um musical esplêndido e valeu muito a pena! Iria certamente outra vez se o dinheiro me permitisse, mas como ainda tenho uma lista gigante de musicais a serem assistidos, acho meio difícil. Mas é um espetáculo que eu certamente indico para quem tiver a oportunidade de assistir.


Sobre Amizade e Saudade.

Um dos meus maiores medos ao chegar aqui era não conseguir fazer amigos, me sentir só, deslocada, porque quem me conhece, sabe que eu nunca fui de muitos amigos. Mesmo não sendo o tipo de pessoa considerada tímida, quando chegava numa sala nova, eu me fechava na minha concha, e esperava alguém vir falar comigo, talvez porque eu soubesse que não precisava de novos amigos, tinha ali os meus fiéis e inseparáveis escudeiros, só que aqui isso seria muito diferente, ou eu fazia novos amigos, ou padeceria de solidão...


Pensar assim me fez criar coragem pra puxar conversa com as pessoas, ainda que houvesse aquela insegurança por estar falando em outra língua, e assim, ao longo de quatro meses, fiz amigos, muitos amigos. Hoje em dia, posso dizer que fiz amizades que cruzam o globo, algumas das quais eu sei que nem vou lembrar o nome daqui há alguns anos, no entanto, outras que me marcaram de uma maneira bem especial e que, com sorte e ajudinha das redes sociais, vão continuar ao longo do tempo.


Por falar em redes sociais, só posso agradecer a esse instrumento de comunicação, que além de vir me mantendo em contato com a minha família e amigos de longa data, também me aproximou de gente que eu tinha pouco ou nenhum contato antes de vir pra cá, como no caso da lindinha da Anne Beatriz, que além de parceira de blog, virou uma amigona. A internet tem me trazido novos melhores amigos, sem dúvida!

Retomando o que eu dizia sobre os amigos que fiz por aqui... A vantagem de fazer um curso não regular, que é diferente de um semestre universitário, é poder conhecer muita gente, de vários países, a desvantagem é que justamente pelo fato de não ser regular, as pessoas vem e vão muito rápido, algumas vem fazer só um mês de curso, ou um pouco mais, mas nunca o tempo suficiente pra convivermos como gostaríamos. E por esse motivo, me vi cercada de despedidas, todos os meses, o tempo inteiro, o que tem me feito refletir, quase que diariamente, sobre a efemeridade da vida.


Despedidas e saudades são boa parte do que vive uma pessoa que mora sozinha em outro país. Você começa deixando tudo pra trás, sua família, sua casa, seus lugares favoritos e seus melhores amigos, pra então conhecer gente nova, numa vida nova, e depois são esses novos amigos que se vão, conforme a passagem do tempo - e eles deixam tantas saudades, porque cada cantinho da cidade é uma lembrança de um momento especial com cada um deles - e quando você percebe, já é quase hora de deixar essa nova vida pra trás e tentar se readaptar ao seu velho mundo, ou talvez seguir pra outros mares, mas esse é um assunto que eu ainda nem quero começar a pensar.

E ainda falando em saudades, há duas semanas eu recebi a visita linda, e muito esperada, do meu pai, minha ma(boa)drasta e meus avós. A semana foi incrível ao lado deles, porque dessa vez não se tratou meramente de um passeio turístico, mas de mostrar a eles a “minha” cidade, o meu olhar sobre NY, os lugares que eu frequento, como é a minha vida aqui, essas coisas. Tenho certeza que eles gostaram tanto quanto eu, mas como tudo na vida acaba, chegou o dia de levá-los ao aeroporto. Foi nesse momento que eu percebi a força que esses quase 4 meses me deram: eu estava ali, sem saber quando os veria novamente, já com saudades antecipadas, mas me sentindo forte, sem aquele medo inicial de quando eu me despedi do meu pai pela primeira vez. A despedida foi rápida, ali mesmo no saguão do aeroporto, só o que me partiu o coração foi ver as lágrimas do meu avô, que insistia em não ir embora até que eu saísse da vista deles.


No entanto, a vida segue e cá estou eu novamente, sozinha... mas não exatamente só, rodeada dos meus velhos e novos amigos, e esperando os que ainda virão.



Chegando na Terra da Rainha!

Chuva, vento, frio e um quarto minúsculo e vazio. Foi isso que eu encontrei assim que cheguei no lugar onde seria a minha nova casa por um ano: o Docklands Campus da University of East London.

Depois de quase um dia de viagem, contando com uma parada de quatro horas em São Paulo e um vôo com o dobro dessa duração, eu cheguei no aeroporto Heathrow, em Londres. Da minha janela do avião eu vi, quando nos aproximávamos da cidade, todos aqueles pontos que eu já conhecia tão bem por fotos e filmes - o Big Ben, a Tower Brigde, a London Eye, o Parlamento... Eu estava chegando ali para realizar o meu sonho! Ainda não conseguia acreditar em tudo aquilo.

Docklands Campus - Foto: Luiza Poulain
Na semana em que cheguei em Londres, a temperatura estava na média de 10°C, e eu enrolada em camadas de roupas e cobertores, tremendo no quarto. É engraçado pensar o quanto meu conceito de frio mudou desde então. Hoje, depois de ter pegado -17°C na Polônia (essa história eu conto depois), 10° é uma maravilha dos deuses!

Meu campus fica nas margens do Rio Tâmisa, e de frente para o London City Airport, então imaginem a quantidade de vento que tem aqui! Várias vezes o vento era tão gelado que eu sentia minhas bochechas queimando e perdia a sensibilidade do nariz e das orelhas. Pra mim, que vim diretamente debaixo da linha do Equador, aquilo era mais terrível ainda.

Oxford Street
Só sai para ver a cidade uns dois dias depois que eu cheguei. Até então, mesmo vendo as coisas pela janela do avião e do ônibus, eu ainda não havia me tocado que eu realmente estava ali, em Londres! E foi naquele momento, quando saímos de dentro da estação de metrô (entender como o Tube funcionava foi uma aventura à parte), e nos deparamos no meio da Oxford Street, toda imponente e linda foi que a ficha começou a cair: ESTOU EM LONDRES! E comecei a saltitar e a fazer barulhos esquisitos de excitação. Mal podia acreditar naquilo. Na verdade, ainda tenho problemas até hoje, mas de dois meses depois, em perceber que eu moro em Londres. Em Londres!

Aproximadamente umas duas semanas depois da minha chegada, tive minha primeira neve! Quando olhei pela janela e vi aquela coisa branquinha caindo do céu e se acumulando na grama, não tive dúvidas: 'Vou descer!'. E então, às 1h da manhã, o gramado da UEL ficou cheio de brasileiros que voltavam a ser crianças brincando com a neve. Foi lindo e mágico! Jack Frost, você me pegou!

Brincando na neve :)
Com o tempo, vamos nos adaptando à temperatura, aprendendo a nos vestir pro frio, transformando o nosso quarto vazio em um lugar aconchegante, fazendo amigos e nos sentindo em casa. Hoje, apesar de toda a saudade da minha cidadezinha quente, posso dizer que tenho um lar em Londres. Estou finalmente no lugar onde eu queria estar e, Camila que me perdoe, mas Londres é a melhor cidade do mundo!

The First Shout of Freedom


Como todo morador de uma grande e agitada cidade como Nova Iorque, eu também busquei aqui meus refúgios, meus lugares de paz, pra fugir do caos cotidiano. Ao contrário do que se pensa, Nova Iorque tem muitos desses lugares, como os meus preferidos: Central Park e Riverside Park, onde eu costumo ir pra refletir, descansar, ou simplesmente pra ter o prazer de gastar o meu tempo apenas contemplando a natureza. 

Foi inspirado por esse clima de busca pelo sossego e pela calmaria, que surgiu o editorial "The First Shout of Freedom" (O Primeiro Grito de Liberdade) - a convite da recém-graduada em Design de Moda, a carioca Thaty Drumond - que transmite essa fuga da agitação da cidade grande e traz consigo toda a leveza dos primeiros suspiros da primavera norte-americana.

The First Shout of Freedom
Fotografia e Trtamento de Imagem: Camila Pontes.
Produção de Moda: Thaty Drumond e Camila Pontes.
Modelo: Pablo Encinas.
Apoio: Rafael Tudisco.














Como mais um dos desafios que eu tenho tido por aqui, esse foi o meu primeiro editorial masculino. O feeling da coisa foi bem diferente, confesso que eu tava receosa antes de fazê-lo, mas no fim das contas adorei! Aliás, as coisas não teriam funcionado sem a equipe maravilhosa, e divertidíssima, que trabalhou comigo. Obrigada, meninos, vocês foram sensacionais!

Equipe linda!

Da Cidade das Mangas pra Cidade do Caos!

Chegar em NY é como entrar na tela de uma televisão, todos aqueles letreiros luminosos da Times Squares, o resto das luzes de Natal que ainda estavam nas ruas e casas, as vitrines que te seduzem e te fazem querer entrar em todas as lojas, tudo isso e muito mais você consegue ver logo de cara. Se você tem fobia de ver muita gente andando de um lado pro outro e de prédios tão altos que você tenha que se curvar pra tentar olhar o topo, essa cidade pode ser um pouco assustadora pra você.

A barulhenta e encantadora Times Squares (The noising and charming Times Square).
É como se de repente você se encontrasse perdido no tempo e no espaço, entre letreiros luminosos, meio atordoado sobre qual direção seguir. Mas esse choque inicial logo passa, e você percebe que apesar da cidade ser enorme e cheia de gente, ela também pode ter muita paz. Na verdade, Nova Iorque é uma cidade que comporta todos os sonhos, e você percebe isso só de andar na rua. Eu nunca tinha visto tanto imigrante em uma cidade como vi aqui, e agora eu era um deles, vindo pra cá atrás dos meus sonhos.

Viver em Manhattan é super tranquilo, desde que você saiba contar. A cidade é basicamente divida em três partes: Uptown, Midtown e Downtown, isso já é meio caminho andado pra você conseguir se localizar. As avenidas cortam a Ilha quase de ponta a ponta, na vertical, e as principais, são numeradas de 1 a 12, não se assuste se você encontrar avenidas não numéricas entre elas, é uma lógica meio estranha mesmo. Já as ruas, que também são de maioria numerada, são um pouquinho mais confusas, em especial no Downtown, mas você dificilmente vai se perder. Os metrôs te levam a qualquer lugar, são o meio de transporte mais rápido e mais eficiente da cidade.

Chegar aqui foi ótimo, até porque vim acompanhada pelo meu pai, que veio fazer “as honras da casa”, me apresentar o que ele já conhecia e conhecer comigo os lugares que ele ainda não tinha tido oportunidade de ir. Foram sete lindos dias, explorando a cidade, andando muito, procurando um lugar onde eu pudesse ficar pelos próximos sete meses. Tudo isso me ajudou a criar coragem suficiente pra continuar sozinha a partir dali. O dia que ele foi embora talvez tenha sido o único em que eu chorei de verdade, de medo, de saudades, porque, pela primeira vez na minha vida, dali em diante seria só eu e Deus no mundo, mas eu decidi encarar de cabeça erguida, mesmo sabendo que não seria fácil (e eu nem queria que fosse).

Eu e meu pai uns dias antes dele ir embora (My dad and I days before he went back).
A adaptação à cidade foi rápida, foi fácil se sentir em casa, apesar do frio. Sim, o frio, tive problemas com ele... E quem não teria, saindo de um cidade onde a temperatura média anual é de 30oC, pra entrar de cabeça num frio de até -9oC? No entanto, os dias em que a cidade está toda coberta de neve, como numa fotografia, compensa qualquer sensação térmica negativa.

Tentando parecer a princesa do jardim de neve (Trying seems like the snow garden's princess).
Nova Iorque tem disso: clima maluco, gente maluca, barulho e agitação o dia todo, todos os dias da semana, mas também tem seus refúgios, seus cantinhos de paz, só que disso eu conto pra vocês na próxima!

O sonho britânico

Não sei quando nem como, exatamente, só sei que em algum momento do meu passado um sonho muito concreto sobre Londres e Inglaterra se fixou em minha cabeça. Provavelmente esse querer todo veio por imagens dessa cidade construídas no meu imaginário por livros e filmes. Sendo pottermaníaca desde os oito anos, é meio difícil não sonhar em andar por essa cidade, e viver aqui. E outros livros e filmes, com Nárnia e O Jardim Secreto, que não eram em Londres, propriamente, mas ainda assim na Inglaterra. A vida nesses lugares parecia ser mais bonita, mais feliz, mais mágica!

Um pouco de Londres em Harry Potter e a Câmara Secreta
Perdi a conta de quantas vezes senti saudade de coisas que nunca vivi, de lugares onde nunca estive. Além de conhecer Londres, sonhava mais do que tudo em sair da minha bolha e ver o mundo tão grande quanto ele é e com todas as belezas que ele pode me oferecer. E queria ver isso com meus próprios olhos, porque com a imaginação eu já tinha viajado por vários mundos e épocas.

Planejei essa viagem várias vezes. Tentei fazer dela meu presente de 15 anos, mas não pude vir por ser muito nova ou imatura ainda. Quis viajar quando terminei o colégio, quando entrei na faculdade, nas férias... Há um pouco mais de um ano tive sérios planos de passar dois meses em Oxford (Londres é muito cara!) estudando inglês, mas eles acabaram sendo cancelados pouco antes de se concretizarem. Parecia que nada nunca iria dar certo e que eu ficaria presa na minha bolha pra sempre. Até que surgiu o Ciência sem Fronteiras.

O CsF é um programa do Governo Federal que pretende enviar 101 mil estudantes até 2014 para uma bolsa de graduação sanduíche em outro país. Eu tinha amigos que tinham se inscrito no programa e até passado para diversos lugares, mas eu nunca tive força o suficiente pra me inscrever. Até que, em julho de 2012, abriram as chamadas para Janeiro de 2013, e o Reino Unido tinha vagas. Vi ali uma chance, talvez bastante remota, de realizar o que eu não tinha conseguido até então e me joguei nela. Cheia de medos e inseguranças, claro, mas fui.

O processo todo foi esgotante. Medo de não conseguir nota de proficiência o suficiente para passar ou de não ter um currículo acadêmico considerável. Foi tudo muito demorado e muito angustiante. Até que, em novembro, recebi a carta de aceite da University of East London e fiquei tremendo e hiperativa e vivendo em uma realidade paralela por algum tempo. Eu passaria um ano morando em Londres! Isso era completamente surreal. A ficha demorou muito a cair.


Apesar de uma vida sonhando com isso, quando a hora chega é aterrorizante. Um ano em Londres, yey! Porém um ano longe da família, dos amigos, de todo mundo que eu amo, de tudo que eu conhecia até então. Eu teria que virar gente grande de repente e cuidar de mim, da minha casa, fazer minha comida, lavar minha roupa... Além de estar em um lugar com língua e cultura diferente da minha. Me sentia fraca demais, imatura, sem preparação psicológica ou emocional pra enfrentar tudo isso. Queria abraçar meu cachorro, entrar debaixo da coberta e nunca mais sair do meu quarto. Só que eu tinha consciência que, depois de tudo que eu sonhei e que conquistei, eu não poderia simplesmente desistir. Tinha que encarar meus medos com determinação e me jogar naquilo tudo de uma vez.

"O que tiver que ser, será. E nós enfrentaremos quando vier." Uma frase de J.K. Rowling que me fazia pensar em deixar os problemas que pudessem vir no futuro para serem resolvidos lá, que não adiantava de nada sofrer por antecipação. E assim foi. No dia 27 de janeiro eu embarquei num avião rumo a um ano cheio de medo e saudade, porém cheio de descobertas e felicidades e coisas novas. Um dos melhores anos de minha vida.
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