Não sei quando nem como, exatamente, só sei que em algum momento do meu passado um sonho muito concreto sobre Londres e Inglaterra se fixou em minha cabeça. Provavelmente esse querer todo veio por imagens dessa cidade construídas no meu imaginário por livros e filmes. Sendo pottermaníaca desde os oito anos, é meio difícil não sonhar em andar por essa cidade, e viver aqui. E outros livros e filmes, com Nárnia e O Jardim Secreto, que não eram em Londres, propriamente, mas ainda assim na Inglaterra. A vida nesses lugares parecia ser mais bonita, mais feliz, mais mágica!
Perdi a conta de quantas vezes senti saudade de coisas que nunca vivi, de lugares onde nunca estive. Além de conhecer Londres, sonhava mais do que tudo em sair da minha bolha e ver o mundo tão grande quanto ele é e com todas as belezas que ele pode me oferecer. E queria ver isso com meus próprios olhos, porque com a imaginação eu já tinha viajado por vários mundos e épocas.
Planejei essa viagem várias vezes. Tentei fazer dela meu presente de 15 anos, mas não pude vir por ser muito nova ou imatura ainda. Quis viajar quando terminei o colégio, quando entrei na faculdade, nas férias... Há um pouco mais de um ano tive sérios planos de passar dois meses em Oxford (Londres é muito cara!) estudando inglês, mas eles acabaram sendo cancelados pouco antes de se concretizarem. Parecia que nada nunca iria dar certo e que eu ficaria presa na minha bolha pra sempre. Até que surgiu o Ciência sem Fronteiras.
O CsF é um programa do Governo Federal que pretende enviar 101 mil estudantes até 2014 para uma bolsa de graduação sanduíche em outro país. Eu tinha amigos que tinham se inscrito no programa e até passado para diversos lugares, mas eu nunca tive força o suficiente pra me inscrever. Até que, em julho de 2012, abriram as chamadas para Janeiro de 2013, e o Reino Unido tinha vagas. Vi ali uma chance, talvez bastante remota, de realizar o que eu não tinha conseguido até então e me joguei nela. Cheia de medos e inseguranças, claro, mas fui.
O processo todo foi esgotante. Medo de não conseguir nota de proficiência o suficiente para passar ou de não ter um currículo acadêmico considerável. Foi tudo muito demorado e muito angustiante. Até que, em novembro, recebi a carta de aceite da University of East London e fiquei tremendo e hiperativa e vivendo em uma realidade paralela por algum tempo. Eu passaria um ano morando em Londres! Isso era completamente surreal. A ficha demorou muito a cair.