Sobre Amizade e Saudade.

Um dos meus maiores medos ao chegar aqui era não conseguir fazer amigos, me sentir só, deslocada, porque quem me conhece, sabe que eu nunca fui de muitos amigos. Mesmo não sendo o tipo de pessoa considerada tímida, quando chegava numa sala nova, eu me fechava na minha concha, e esperava alguém vir falar comigo, talvez porque eu soubesse que não precisava de novos amigos, tinha ali os meus fiéis e inseparáveis escudeiros, só que aqui isso seria muito diferente, ou eu fazia novos amigos, ou padeceria de solidão...

Pensar assim me fez criar coragem pra puxar conversa com as pessoas, ainda que houvesse aquela insegurança por estar falando em outra língua, e assim, ao longo de quatro meses, fiz amigos, muitos amigos. Hoje em dia, posso dizer que fiz amizades que cruzam o globo, algumas das quais eu sei que nem vou lembrar o nome daqui há alguns anos, no entanto, outras que me marcaram de uma maneira bem especial e que, com sorte e ajudinha das redes sociais, vão continuar ao longo do tempo.

Por falar em redes sociais, só posso agradecer a esse instrumento de comunicação, que além de vir me mantendo em contato com a minha família e amigos de longa data, também me aproximou de gente que eu tinha pouco ou nenhum contato antes de vir pra cá, como no caso da lindinha da Anne Beatriz, que além de parceira de blog, virou uma amigona. A internet tem me trazido novos melhores amigos, sem dúvida!

Retomando o que eu dizia sobre os amigos que fiz por aqui... A vantagem de fazer um curso não regular, que é diferente de um semestre universitário, é poder conhecer muita gente, de vários países, a desvantagem é que justamente pelo fato de não ser regular, as pessoas vem e vão muito rápido, algumas vem fazer só um mês de curso, ou um pouco mais, mas nunca o tempo suficiente pra convivermos como gostaríamos. E por esse motivo, me vi cercada de despedidas, todos os meses, o tempo inteiro, o que tem me feito refletir, quase que diariamente, sobre a efemeridade da vida.

Despedidas e saudades são boa parte do que vive uma pessoa que mora sozinha em outro país. Você começa deixando tudo pra trás, sua família, sua casa, seus lugares favoritos e seus melhores amigos, pra então conhecer gente nova, numa vida nova, e depois são esses novos amigos que se vão, conforme a passagem do tempo - e eles deixam tantas saudades, porque cada cantinho da cidade é uma lembrança de um momento especial com cada um deles - e quando você percebe, já é quase hora de deixar essa nova vida pra trás e tentar se readaptar ao seu velho mundo, ou talvez seguir pra outros mares, mas esse é um assunto que eu ainda nem quero começar a pensar.

E ainda falando em saudades, há duas semanas eu recebi a visita linda, e muito esperada, do meu pai, minha ma(boa)drasta e meus avós. A semana foi incrível ao lado deles, porque dessa vez não se tratou meramente de um passeio turístico, mas de mostrar a eles a “minha” cidade, o meu olhar sobre NY, os lugares que eu frequento, como é a minha vida aqui, essas coisas. Tenho certeza que eles gostaram tanto quanto eu, mas como tudo na vida acaba, chegou o dia de levá-los ao aeroporto. Foi nesse momento que eu percebi a força que esses quase 4 meses me deram: eu estava ali, sem saber quando os veria novamente, já com saudades antecipadas, mas me sentindo forte, sem aquele medo inicial de quando eu me despedi do meu pai pela primeira vez. A despedida foi rápida, ali mesmo no saguão do aeroporto, só o que me partiu o coração foi ver as lágrimas do meu avô, que insistia em não ir embora até que eu saísse da vista deles.

No entanto, a vida segue e cá estou eu novamente, sozinha... mas não exatamente só, rodeada dos meus velhos e novos amigos, e esperando os que ainda virão.

About Friendship and Homesickness

Before I came here, I’d been afraid of not being able to make new friends, being alone, displaced, because I’m not a kind of person who has lots of friends. I mean, I’m not considered a shy person, but all my life when I went to new classes, I used hold myself inside my own shell, waiting people come to me to talk, maybe it was because I always knew that I didn’t need new friends, I’ve had on my side my faithful and inseparable squires, but here it would be pretty diferent,  or I should make new friends, or I would live in a sadly loneliness.

Thinking in that way encouraged me to start talking to another people, even I was feeling insecure about speak a new language, and then, for four months I’ve been making so many friends. Now a days I really can say I made friends all around the world, some people I know that I probably won’t remember their names in a few years, however, I’ve known some people who marked me in a special way and that I hope keep in touch for many years, especially with a help of social networks.

And talking about social networks, I should thank so much this way of comunication, which have been making me keep in touch with my family and my old friends and also helping me to became closer to people that I’d have few or no contact before I came here, like in the case of the sweet Anne Beatriz, who has been a amazing blog partiner and becoming great friend as well. I have no doubts that Internet has been bringing me new best friends!

Returning to what I was talking about friends that I made here... A best advantage to study in a non regular course, that is different than a University academic semester, is to be able to know a lot people from different countries, and the disadvantage is it doesn’t be regular, I mean, people come and go so fast, some of them come to study just one month or little more, but never time enough to get along with as much as I would like. And for this reason, I pictured myself saying goodbye every month, all the time, what makes me think, almost daily, about the ephemeral nature of life.

Goodbyes and homesickness are part of life of people that live alone in another country. You start leaving everything behind, your family, home, favorite places and your best friends, and then I meet new people, in a new life, but after all these new friends also go away, while the time is running - and you’ll miss them, because every single part of the city will be a memory of a special moment you spent with them -  and when you realize, is almost time to leave this new life behind, and try to be again part of your old, or perhaps go to journey, but this is something I don’t want think about yet.  

And talking about homesickness yet, two weeks ago, my grandparents, my dad and my stepmother came here to visit me. The week was amazing with them, because this time it was not just a turistic trip, was more, I showed them “my city”, my point of view above NY, places I usually go, how my life goes here, these kind of things. I’m pretty sure they liked as much as I did, but nothing lasts forever, and the day to bring them back to the airport came so fast. In that moment I realized how strong I’ve become throughout these 4 months: I was there, I didn’t know when I would see them again, feeling antecipate homesickness, but feeling strong, with no fear, totally diferent then when I said good bye to my dad in the first time. The last good bye was so fast, in the airport lobby, the only thing that broked my heart was the moment tha I saw my grandpa crying, who stayed there waiting I go away.

However, life keeps going and here I am again, alone... but not exactly alone, surrounded by my old and new friends and waiting the next one.